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Arquitetos: Oficina de arquitectura X
- Área: 230 m²
- Ano: 2020
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Fotografias :Leonardo Méndez, Daniel Ojeda
Descrição enviada pela equipe de projeto. A construção de um edifício é a materialização de uma ideia. A alquimia do tempo transmuta as edificações, mas as ideias, estas são eternas. Le Corbusier plantou uma ideia que germinaria 100 anos depois. O projeto é realizado em um lote de 6m de largura e 25m de comprimento. O partido consiste em uma casa com pátio central que articula todos os espaços e resolve a ventilação natural dos ambientes.
A casa é concebida como uma caverna, com aberturas que parecem perfurações nas paredes, permitindo que os raios do sol filtrem e vislumbrem os espaços como um tratamento arquitetônico estereotômico. No interior, o térreo é completamente fluido e continua em planta aberta, onde os espaços são definidos internamente através de muros e caminhos. Esta arquitetura de matiz primitivo é construída com terra, cuja matéria-prima é a própria rocha, e com concreto, que representa a rocha artificial feita pelo homem; assim, a alegoria da caverna torna-se um axioma arquitetônico.
A construção é materializada em piso de concreto vazado, com paredes de 18cm, 15cm e 10cm de espessura. A técnica de despejar a terra diretamente como peça de fundição supõe a desconstrução da técnica conhecida como taipa. Embora a taipa tenha propriedades térmicas interessantes, as grandes espessuras com que são construídas constituem obstáculos à sua utilização em áreas urbanas de dimensões limitadas, pois num lote estreito representaria uma perda fundamental de metros quadrados, além do consumo excessivo de estabilizantes como o cimento e seu alto peso, o que a torna uma técnica antieconômica em áreas urbanas em comparação com outras formas de construção. A terra despejada, podendo ser executada com espessuras reduzidas, consome menos material, é construída mais rapidamente, é mais leve e ocupa menos espaço, sendo totalmente adaptável às cidades como alternativa ecológica, econômica e com bom desempenho térmico.
A estrutura é projetada inteiramente em concreto armado de forma eficiente para reduzir o consumo de materiais, reduzindo o impacto ambiental em relação às estruturas tradicionais. A estratégia adotada consiste em um esquema de vigas principais nas laterais definindo os espaços que sustentam as lajes curvas de concreto armado cujas trajetórias seguem os diagramas de momentos fletores das vigas, funcionando conjuntamente como elementos de compressão para momentos positivos e negativos, respectivamente. Essas estruturas de compressão reduzem as seções das vigas e diminuem a espessura das lajes através do aumento da inércia gerada pela curvatura, o que leva a uma economia de 20% de concreto e aço em relação a uma estrutura convencional. Essas lajes curvas funcionam como um fluido de concreto líquido. Elas representam a beleza das formas que a gravidade desenha.
A casa materializa-se como um artesanato em grande escala, onde a terra orquestra o espaço, um líquido cuja morfologia adquire a do seu recipiente, forjando-se em paredes perfuradas, lisas, oblíquas ou dobras de 10 cm de espessura que extravasam para o céu. Como um cântaro construído com as mãos, com a beleza da terra e o aroma do barro.